Fala-se de métodos para diminuir a tecido adiposo localizado com novos aparelhos que “desfazem” as células adiposas e que assim eliminam a gordura localizada sem lipoaspiração. Por se tratar de destruir células adiposas, que dão pelo nome técnico de adipocitos, chamo a esta técnica «adipocito-destruição»
Há até folhetos e outras publicidades que falam em «... lipoaspiração sem cirurgia nem anestesia...», o que é tão descabido como dizer «tome do nosso café sem beber café para não ter insónias». Não obstante, prefiro considerar que falar-se de lipoaspiração sem lipoaspirar é apenas "descabido" porque não quero nem pensar que tais frases sejam fruto de ignorância ou de falta de seriedade de quem as escreve ou que tenham como finalidade enganar as pessoas.
Também se fala, nesses reclames, de micro ondas e de ondas electromagnéticas como se fossem coisas diferentes.
De facto, as microondas dos radares e dos nossos "microondas" de cozinha, as ondas que captamos nos nossos aparelhos de rádio e televisão, os raio X com que tiramos radiografias, os raios gama com que tratamos alguns cancros, a luz visível, os infravermelhos, os ultravioletas e etc. não são mais que vários comprimentos de onda ou diferentes frequências de ondas electromagnéticas.
Os aparelhos de adipocito-destruição usam microondas (iguais às do microondas da cozinha) ou ultra sons (iguais aos dos aparelhos de ecografia ou dos sonares dos barcos).
Temos assim:
- Microondas que são ondas electromagnéticas situadas entre a radiação InfraVermelha e a radiação de Frequência Modelada dos nossos rádios (ver link)
- Ultra Sons que não são mais que vibrações como as que saem de um altifalante, mas com frequências superiores aquelas que o ouvido humano pode detectar.
O fim em vista é sempre o mesmo: destruição dos adipocitos (células onde é acumulada a gordura), para libertar essa gordura. Podem produzir-se assim varias zonas em que o tecido adiposo foi destruído e dai irem buscar o termo «lipocavitação» chamando a essas áreas localizadas de tecido adiposo destruído de «cavidades». Na verdade não são cavidades pois fica lá a gordura libertada das células adiposas que foram destruídas. De facto não há cavidade nenhuma. Outros falam de «Liposhaper» como sendo outra técnica diferente, mas que não são mais do que ultra-sons aplicados de forma a convergir num ponto do tecido adiposo. É apenas mais um termo, criado para convencer as pessoas de que se trata de outra novidade técnica. Certamente que muitos mais termos destes vão aparecer quando estes estiverem "gastos" como aconteceu ao "Lipomagie" mas tudo se reduz a ultra-sons ou microondas e a varias formas de aplicar as mesmas.
Tanto a literatura que acompanha esses aparelhos como os folhetos das Clínicas que recomendam e descrevem este método são, na realidade, muito divertidos.
Baptizam com nomes diferentes processos mais que conhecidos para que passem assim por técnicas diferentes e inovadoras. Descrevem bastante bem o efeito das ondas emitidas pelo aparelho e o seu efeito sobre o tecido adiposo mas não informam para onde vai essa gordura ou, quando o fazem, é á base de disparates disfarçados de linguagem cientifica
Dizem que é eliminada … . Por vezes dizem que é eliminada pela urina. Imaginem uma pessoa a urinar azeite ou gordura ... Seria uma visão dantesca, se não fosse de todo impossível! É por demais evidente que pela urina ...não sai!
Pelas fezes também não pode ser eliminada pois a gordura só passa do intestino para o sangue via linfáticos e nunca pode passar do sangue ou linfáticos para o intestino. O que não impede de se assistir ao espectáculo de ver um desses "pseudó-cientistas" aconselhar clisteres nos dias seguintes à destruição de tecido adiposo por ultra-sons para «eliminar alguma gordura que possa cair nos intestinos»; esta foi a ultima e mais hilariante tirada que vi até hoje sobre o assunto.
Ficamos assim com as ultimas frases que vi sobre o assunto nesses panfletos « a gordura é eliminada pelos processos fisiológicos normais» ou «a gordura cai no sistema linfático e é eliminada rapidamente». Pelo menos, ao não dizerem como ela desaparece, abstêm-se de dizem patetices, como a de a gordura ser eliminada com clisteres através do intestino. Na verdade não passam de patetices ditas com ar científico para enganar dondocas.
De facto a gordura eliminada de um lugar, por acção das ondas emitidas pela máquina, voltará a ser quase toda re-distribuida pelo corpo inteiro, nos tecidos adiposos normais.
Não desanimem ! Vão ver que no fim a coisa até não é má de todo. Senão vejamos, de uma forma entendível por toda a gente:
A gordura tem mais tendência em depositar-se em determindada zonas corporais. Essas zonas são variáveis com o sexo e com o tipo de constituição física de cada um. Lá está a celebre frase que já diziam as sábias avozinhas «que a partir de certa idade tínhamos que optar: ou cara ou cu »
E porque é certa esta frase? … de facto, acontece que os sítios onde a gordura se acumula mais facilmente são também os locais de onde esta é mais difícil de ser retirada pelo organismo, quando este necessita de ir buscar energias às gorduras.
Assim quando se engorda 1 Kg e depois se emagrece 1 Kg não fica tudo na mesma. Ao engordar, uma boa parte da gordura de que o organismo não necessita nesse momento, vai depositar-se nesses tais locais indesejáveis, barriga, coxas etc., onde é mais fácil ser depositada. Ao emagrecer a maior parte da gordura, de que o organismo necessita nesse momento, vai ser tirada dos sítios onde a queríamos, face etc. onde é mais fácil de retirar. Resultado : quando se engorda 1 Kg e se emagrece 1 Kg o resultado é ficar-se com mesmo peso mas com mais gordura na barriga e coxas etc. e menos na cara etc. . Ora, com a continuação, estão a ver o resultado de que falavam as avozinhas.
Para corrigir isto temos varias hipóteses:
- podemos manter o peso sem oscilações e conseguir assim um belo físico por mais tempo; mas para isso temos que perder os prazeres de umas férias gastronómicas de quando em vez, o que não só é difícil como também constitui uma grande pena.
- podemos recorrer à lipoaspiração que é uma técnica praticamente sem riscos quando aplicada em casos indicados para a mesma e quando feita correctamente, sem exageros.
- podemos recorrer à adipocito-destruição
A lipoaspiração está especialmente indicada para tirar tecido adiposo de zonas localizadas.
Vê-se contudo alguns "artistas com tendência para o Guinness" vangloriarem-se de aspirar numa só sessão 20 ou mais Kg...O que não dizem é que com esses"feitos" fazem os/as pacientes correr grandes riscos de vida. A quantidade máxima de tecido adiposo que podemos aspirar sem riscos é normalmente de 2 a 3 kg, dependendo também da percentagem (%) de área corporal aspirada. Resulta assim numa diminuição das células adiposas no local lipoaspirado e portanto diminui a capacidade futura de se depositar gordura nesse local. De facto se uma pessoa engordar muito, depois de uma lipoaspiração, pode até ficar com uma depressão ("uma cova") na zona que foi lipoaspirada. A lipoaspiração pode ser feita sob anestesia local, regional ou geral, contudo, essa opção deve ser determinada, após analise do caso, pelo Cirurgião Plástico que a for realizar.
A destruição do tecido adiposo subcutâneo poderá obter-se por meio de radiações várias. Poderão utilizar-se ou ultra sons ou microondas, aplicadas com aparelhos e técnicas que permitem atingir e destruir o tecido adiposo sem danificar outras estruturas como a pele ,vasos, nervos e etc..
Querem agora saber o que vai acontecer depois? Para onde vai essa gordura que ficou livre no meio do tecido subcutâneo por acção das radiações ? Pois bem vai ser absorvida por meio de mecanismos fisiológicos de maneira semelhante à que acontece com os hematomas e nódoas negras resultantes de traumatismos. É absorvida e enviada para o sangue. Uma vez no sangue, passa a ser igual às outras gorduras todas que resultariam de uma boa refeição do mais gordo toucinho com o mesmo peso do tecido adiposo que foi destruído com as radiações.
Ou seja, uma vez no sangue vai-lhe acontecer o mesmo que acontecería à tal gordura que resultaría de comer um bom toucinho. Uma parte vai ser consumida pelo organismo para produzir energia muscular etc., se o organismo não tiver "à mão" outra fonte de energia como a glicose. Outra parte, bem maior, vai ser depositada no tecido adiposo de todo o corpo. Entretanto, até que toda esta gordura esteja "arrumada", tal como aconteceria com a ingestão do tal toucinho, contribuirá também para aumentar bastante a quantidade de lípidos no sangue, os triglicéridos e o "mau" colesterol. Uma vantagem desta técnica é nem sequer necessitar de anestesia e a pessoa não ficar incapacitada para a sua vida normal logo após a sessão.
É claro que tudo na vida tem um preço e que, para qualquer das técnicas descritas para reduzção do tecido adiposo localizado, há que pesar custos monetários, riscos para a saúde, tempo de incapacidade, resultados que se podem obter.
No caso da destruição do tecido adiposo pelas radiações transcutâneas podemos reduzir os riscos e aumentar a sua eficiência controlando os lípidos no sangue antes e depois de cada sessão para determinar quando se pode realizar a sessão seguinte e ainda que quantidades de tecido adiposo podemos destruir em cada sessão. Devemos também instituir uma dieta que leve a que a gordura libertada para o sangue depois de cada sessão seja o mais possível consumida pelo organismo como fonte energética, e que assim se vá depositar o menos possível no tecido adiposo de todo o corpo. É assim uma técnica que para ser eficiente e com mínimos riscos deve ter um controle médico. Os seus resultados nunca serão como os da lipoaspiração mas podemos atingir resultados que rondam os 80% da lipoaspiração, praticamente sem dores e sem incapacidades temporárias para a actividade laboral do paciente.
Agora é só escolher e pedir conselho médico, tendo-se sempre em conta que primeiro deve-se emagrecer e só depois recorrer a estas técnicas para tirar a gordura dos sítios em que ela não "quer" sair com a dieta. A grande indicação destas técnicas é para eliminação de gorduras localizadas e não para um emagrecimento corporal generalizado.